domingo, 6 de janeiro de 2013


Ardente de luz

2013-01-06 L’Osservatore Romano
Gostaríamos de saber mais sobre esta vinda laboriosa e inesperada dos Magos, intrépidos e aparentemente ingénuos, que aparecem de repente, e depois se afastarem imediatamente e desaparecerem  no caminho de regresso ao seu país. Gostaríamos de conhecer a proveniência e a identidade, saber o que significa a estrela, tão dócil e benevolente, que surgiu diante dos seus olhos e, depois, guia silenciosa e inteligente e companheira ao longo do caminho. E desejaríamos ainda conhecer a natureza e o sentido daqueles dons extraídos dos cofres. «Mas o evangelista – glosa Inos Biffi – não quer minimamente satisfazer as nossa curiosidades, assim como nos deixa com as nossas perguntas sobre os conteúdos históricos específicos daquela visita». Ele quer ilustrar-nos uma mensagem: quando Jesus nasceu acendeu-se uma estrela que é uma chamada silenciosa e irresistível de homens distantes, mas disponíveis e atentos a Cristo. Pregava são Bernardo: «Olhai e vede como é penetrante a vista da fé; considerai com muita atenção que olhos de lince tem quem reconhece o Filho de Deus quando bebe o leite, quem o reconhece suspenso numa cruz e agonizante. O ladrão foi confessado no patíbulo, os Magos na estrela; ele crucificado, outro envolto nos panos. Não vos incomoda, oh Magos, a morada humilde da manjedoura, o pobre berço? Não vos escandaliza a presença de uma pobre mãe, nem a infância de um menino que bebe o leite?». Há sempre  desproporção entre aquilo que a fé vê imediatamente e aquilo em que, com confiança, acredita. E a alegria messiânica, que começa aqui e pode conviver estranhamente com a paixão.  Teresa de Lisieux fez esta reflexão singular sobre a estrela: «Por vezes, quando o céu está coberto de nuvens, a noite sem luzes é triste para Jesus, na escuridão. Para confortar Jesus, torna-te ardente de luzes, brilha com  todas as tuas virtudes, como uma estrela».
Na realidade, não sabemos nem sequer o número dos Magos; Mateus, referindo-se ao episódio da adoração recorda somente que «chegaram a Jerusalém uns Magos vindos do Oriente» (2, 1) sem especificar o número. O facto que a iconografia tradicional e a literatura posterior proponham um número ternário deriva presumivelmente dos dons que levaram ao Menino: «Depois abrindo os cofres, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra». Com efeito, se já na idade antiga, as representações iconográficas mostram três Magos, como na célebre capela grega de Priscila do século III,  não faltam casos nos quais os ofertantes variam de dois, quatro e até seis, talvez por razões de simetria pura. Em volta destas figuras criou-se, na idade média, e nomeadamente, no século XII,  uma lenda fabulosa que atribui os nomes de Gaspar, Belchior e Baltazar aos reis, não obstante um grafite encontrado no complexo monástico egípcio de Kellia, que pode ser atribuído ao século VII-VIII, já parece mencionar os nomes de Gaspar, Belchior e Bathesalsa.

Papa reza pelo Ano da Fé: para anunciar Jesus com alegria não se necessita de especialistas

2013-01-05 Rádio Vaticana
Cidade do Vaticano (RV) - Que no Ano da Fé os cristãos "possam aprofundar o conhecimento do mistério de Cristo e testemunhar com alegria o dom da fé n'Ele". Esse é o pedido que o Santo Padre confia à oração da Igreja em sua intenção geral para o mês de janeiro.
Nestes últimos meses, sobretudo nas audiências gerais, o Papa tem desenvolvido uma reflexão específica sobre o Ano da Fé e sobre as responsabilidades que ele comporta para os cristãos.
Partir para a batalha em clara situação de desvantagem é algo que não deixa tranqüilo nenhum general, nem o último dos infantes. A não ser que sabia poder contar com um aliado de desmedida superioridade.
O Ano da Fé proclamado por Bento XVI quase três meses atrás contém para quem crê o espírito desse desafio: um combate em condições de ambiente sempre mais hostil – portanto, com as dificuldades, e também os temores induzidos pela inferioridade numérica –, mas com a certeza de que quem combate lado a lado tem a força da onipotência.
Não por acaso, ao abrir o Ano da Fé, o Pontífice impeliu os cristãos para os "desertos do mundo contemporâneo", isto é, para onde a terra da fé apresenta as rachaduras da infertilidade inclusive entre os batizados:
"O cristão hoje muitas vezes não conhece nem mesmo o núcleo central da própria fé católica, do Credo, de modo a deixar espaço para um certo sincretismo e relativismo religioso, sem clareza sobre as verdades sobre as quais crer e sobre a singularidade salvífica do cristianismo. (...) Ao invés, devemos voltar a Deus, ao Deus de Jesus Cristo, devemos redescobrir a mensagem do Evangelho, fazê-la entrar de modo mais profundo em nossas consciências e em nossa vida cotidiana." (Audiência geral, 17 de outubro de 2012)
Muitas vezes, afirma o Pontífice, a fé "é vivida de modo passivo e privado" e esse modo de ser está na base da "fratura" que existe "entre fé e vida". No entanto, reiterara recentemente Bento XVI, para tornar eficaz o anúncio de Jesus aos outros, jamais foi preciso o pedestal de uma cátedra:
"De fato, a evangelização não é obra de alguns especialistas, mas de todo o Povo de Deus, sob a condução de Pastores. Todo fiel, na e com a comunidade eclesial, deve sentir-se responsável pelo anúncio e pelo testemunho do Evangelho." (Discurso à Congregação para os Bispos, 20 de setembro de 2012)
Ademais, na intenção de oração, o Papa utiliza uma palavra que muitas vezes passa inobservada ou é considerada uma espécie de "ornamento" estético ao conceito da evangelização, ou seja, o fato de testemunhar com "alegria". Para abrir uma brecha nos muros de indiferença em relação a Deus, o Pontífice disse ser necessários cristãos "entusiastas da própria fé". Um entusiasmo, porém, que não é ingênuo:
"A alegria cristã brota desta certeza: Deus está conosco, está comigo, na alegria e na dor, na saúde e na doença, como amigo e esposo fiel. E essa alegria permanece também na provação, no próprio sofrimento, e permanece não superficialmente, mas no profundo da pessoa que se entrega a Deus e n'Ele confia." (Angelus, 16 de dezembro de 2007)
Esclarecido o contexto do desafio – e a natureza da confiança a carregar no coração –, Bento XVI enumerou as armas com as quais combatê-lo:
"Nem cajado, nem alforje, nem dinheiro, nem duas túnicas – como diz o Senhor aos Apóstolos enviando-os em missão –, mas o Evangelho e a fé da Igreja, dos quais os documentos do Concílio Ecumênico Vaticano II são expressão luminosa." (Abertura do Ano da Fé, 11 de outubro de 2012)
(RL)

Papa na Missa da Epifania: os bispos sejam humildes e corajosos diante dos dogmas intolerantes do agnosticismo

2013-01-06 Rádio Vaticana
Cidade do Vaticano (RV) - A Epifania é a manifestação "da bondade de Deus e do seu amor pelos homens": foi o que afirmou o Papa na missa por ele presidida esta manhã, na Basílica de São Pedro, no Vaticano, na Solenidade da Epifania do Senhor.
Durante a celebração, o Pontífice fez a ordenação de quatro novos bispos: Dom Georg Gänswein, secretário particular de Bento XVI e prefeito da Casa Pontifícia; Dom Vincenzo Zani, secretário da Congregação para a Educação Católica; e os núncios apostólicos, Dom Fortunatus Nwachukwu e Dom Nicolas Thevenin.
Na homilia, o Papa convidou os bispos a imitarem os Magos, homens que partiram rumo ao desconhecido, "homens inquietos movidos pela busca de Deus e da salvação do mundo; homens à espera, que não se contentavam com seus rendimentos assegurados e com uma posição social provavelmente considerável, mas andavam à procura da realidade maior".
"Talvez fossem homens eruditos – continuou o Santo Padre –, que tinham grande conhecimento dos astros e, provavelmente, dispunham também duma formação filosófica; mas não era apenas saber muitas coisas que queriam; queriam, sobretudo, saber o essencial, queriam saber como se consegue ser pessoa humana. E, por isso, queriam saber se Deus existe, onde está e como é; se Se preocupa conosco e como podemos encontrá-Lo."
"Queriam não apenas saber; queriam conhecer a verdade acerca de nós mesmos, de Deus e do mundo. A sua peregrinação exterior era expressão deste estar interiormente a caminho, da peregrinação interior do seu coração. Eram homens que buscavam a Deus e, em última instância, caminhavam para Ele; eram indagadores de Deus."
A este ponto de sua homilia, o Santo Padre perguntou-se "Como deve ser um homem a quem se impõem as mãos para a Ordenação episcopal na Igreja de Jesus Cristo?" Podemos dizer - afirmou:
"Deve ser, sobretudo, um homem cujo interesse se dirige para Deus, porque só então é que ele se interessa verdadeiramente também pelos homens. E, vice-versa, podemos dizer: um Bispo deve ser um homem que tem a peito os outros homens, que se deixa tocar pelas vicissitudes humanas. Deve ser um homem para os outros; mas só poderá sê-lo realmente, se for um homem conquistado por Deus: se, para ele, a inquietação por Deus se tornou uma inquietação pela sua criatura, o homem."
Retomando a descrição dos Magos, Bento XVI ressaltou, neles, em particular, a coragem e a humildade da fé:
"Era preciso coragem a fim de acolher o sinal da estrela como uma ordem para partir, para sair rumo ao desconhecido, ao incerto, por caminhos onde havia inúmeros perigos à espreita. Podemos imaginar que a decisão destes homens tenha provocado sarcasmo: o sarcasmo dos ditos realistas que podiam apenas zombar das fantasias destes homens. Quem partia baseado em promessas tão incertas, arriscando tudo, só podia aparecer como ridículo. Mas, para estes homens tocados interiormente por Deus, era mais importante o caminho segundo as indicações divinas do que a opinião alheia. Para eles, a busca da verdade era mais importante que a zombaria do mundo, aparentemente inteligente."
Nessa linha, Bento XVI traçou a missão do bispo em nosso tempo: "A humildade da fé, do crer juntamente com a fé da Igreja de todos os tempos, há-de encontrar-se, vezes sem conta, em conflito com a inteligência dominante daqueles que se atêm àquilo que aparentemente é seguro. Quem vive e anuncia a fé da Igreja encontra-se em desacordo também, em muitos aspectos, com as opiniões dominantes precisamente no nosso tempo".
"O agnosticismo, hoje largamente imperante, tem os seus dogmas e é extremamente intolerante com tudo o que o põe em questão, ou põe em questão os seus critérios. Por isso, a coragem de contradizer as orientações dominantes é hoje particularmente premente para um Bispo."
O Santo Padre prosseguiu traçando a missão do Bispo em nosso tempo afirmando que ele te de ser valoroso:
"E esta valentia ou fortaleza não consiste em ferir com violência, na agressividade, mas em deixar-se ferir e fazer frente aos critérios das opiniões dominantes. A coragem de permanecer firme na verdade é inevitavelmente exigida àqueles que o Senhor envia como cordeiros para o meio de lobos. «Aquele que teme o Senhor nada temerá», diz Ben Sirá (34, 14). O temor de Deus liberta do medo dos homens; faz-nos livres!"
A este ponto, Bento XVI recordou um episódio do início do cristianismo, narrado por São Lucas nos Atos dos Apóstolos, em que o sinédrio chamou os apóstolos e os flagelou. Proibindo-os de pregar o nome de Jesus, em seguida os libertou. Lucas afirma que eles foram embora cheios de alegria por terem sido julgados dignos de sofrer vexames por causa do Nome de Jesus.
Como os apóstolos – prosseguiu o Pontífice –, assim os bispos, seus sucessores, "devem esperar ser, repetidamente e de forma moderna, flagelados, se não cessam de anunciar alto e bom som a Boa-Nova de Jesus Cristo; hão-de então alegrar-se por terem sido considerados dignos de sofrer ultrajes por Ele. Naturalmente queremos, como os Apóstolos, convencer as pessoas e, neste sentido, obter a sua aprovação; naturalmente não provocamos, antes, pelo contrário, convidamos todos a entrarem na alegria da verdade que indica a estrada".
"Contudo o critério ao qual nos submetemos não é a aprovação das opiniões dominantes; o critério é o próprio Senhor. Se defendemos a sua causa, conquistaremos incessantemente, pela graça de Deus, pessoas para o caminho do Evangelho; mas inevitavelmente também seremos flagelados por aqueles cujas vidas estão em contraste com o Evangelho, e então poderemos ficar agradecidos por sermos considerados dignos de participar na Paixão de Cristo."
Os Magos – concluiu Bento XVI – seguiram a estrela e assim chegaram a Jesus, à grande Luz que, vindo ao mundo, ilumina todo o homem (cf. Jo 1, 9). Como peregrinos da fé, os Magos tornaram-se eles mesmos estrelas que brilham no céu da história e nos indicam a estrada.
Assim, também os bispos, se viverem com Cristo, ligados a Ele novamente no Sacramento, então se tornarão sábios; "astros que vão à frente dos homens e indicam-lhes o caminho certo da vida". (RL)

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

No Angelus Papa explica

No Angelus Papa explica "quem são os construtores de paz"

2013-01-01 Rádio Vaticana
Cidade do Vaticano (RV) - Ao meio-dia, após a celebração da Missa pela Solenidade de Maria, Mãe de Deus, Bento XVI assomou à janela de seus aposentos – que dá para a Praça de São Pedro – para conduzir a primeira Oração Mariana do Angelus de 2013, neste dia em que também é celebrado o Dia Mundial da Paz.
O Santo Padre saudou a todos, desejando que neste primeiro dia de 2013 “chegue a cada homem e a cada mulher do mundo a benção de Deus”. “E o faço, - diz Bento XVI , - com a antiga fórmula contida na Sagrada Escritura: ‘O Senhor te abençoe e te guarde. O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e se compadeça de ti. O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz’ ”.O Santo Padre iniciou sua reflexão recordando a luz de Jesus que passou a iluminar o mundo: “como a luz e o calor do sol são uma benção para a terra, assim a luz de Deus o e é para a humanidade, quando Ele faz brilhar sobre ela a sua face. Isto aconteceu com o nascimento de Jesus Cristo. Deus fez resplandecer para nós a sua face: inicialmente de um jeito muito humilde, escondido – em Belém somente Maria e José e alguns pastores foram testemunhas desta revelação – mas pouco a pouco, como o sol que do amanhecer chega ao meio-dia, a luz de Cristo cresceu e se difundiu por toda a parte”.
Então, Bento XVI, referindo-se ao canto de glória dos anjos, saudando o nascimento do Salvador, enfatizou qual deve ser a atitude dos cristãos: “este é o canto dos cristãos debaixo do céu; um canto que dos corações e dos lábios passa a gestos concretos, nos atitudes de amor que constroem diálogo, compreensão e reconciliação".O Santo Padre recordou que oito dias após o Natal, “quando a Igreja, como a Virgem Maria Mãe de Deus, mostra ao mundo o recém-nascido Jesus, Príncipe da Paz”, é celebrado o Dia Mundial da Paz. E sublinhou: “aquele Menino, que é o Verbo de Deus feito carne, veio para trazer aos homens uma paz que o mundo não pode dar. A sua missão é derrubar o ‘muro da inimizade’ ”.
Continuando sua reflexão, o Santo Padre destacou que entre as bem-aventuranças proclamadas por Jesus, às margens do Mar da Galiléia, está: “bem-aventurados os construtores da paz, porque serão chamados filhos de Deus”, que é o tema do Dia Mundial da Paz deste ano. Então o Pontífice explicou quem são os construtores da paz: “São todos aqueles que, no dia-a-dia, procuram vencer o mal com o bem, com a força da verdade, com as armas da oração e do perdão, com o trabalho honesto e bem realizado, com a pesquisa científica a serviço da vida, com as obras de misericórdia físicas e espirituais. Os operadores de paz são tantos, - destacou - mas trabalham silenciosamente. Como o fermento na massa, fazem crescer a humanidade segundo os desígnios de Deus”.
Por fim, Bento XVI pediu a Maria Santíssima, Mãe de Deus, “que nos abençoe, como uma mãe abençoa os seus filhos que devem partir para uma viagem. Um ano novo é como uma viagem – diz Bento XVI -: com a luz e a graça de Deus, possa ser um caminho de paz para cada ser humano e para cada família, para cada país e para o mundo inteiro”.Após o Angelus, Bento XVI felicitou a todos pelo novo ano que se inicia. Dirigiu também seus votos ao Presidente da Itália e a toda a nação italiana. Saudou afetuosamente os jovens vindos a Roma para o Encontro Europeu de Taizé e exprimiu suas proximidade espiritual às diversas iniciativas eclesiais por ocasião do Dia Mundial da Paz.
Entre as felicitações de Ano Novo em diversas línguas, Bento XVI se dirigiu também aos povos de língua portuguesa: “a todos os povos e nações de língua portuguesa, aos seus lares e comunidades, aos seus governantes e instituições, desejo a paz do Céu que hoje vemos reclinada nos braços da Virgem Mãe. Feliz Ano Novo!” (JE)

Bento XVI: devemos confiar em Deus, renovando a fé na sua presença e ação na história

Bento XVI: devemos confiar em Deus, renovando a fé na sua presença e ação na história

2013-01-02 Rádio Vaticana
Cidade do Vaticano (RV) - Bento XVI encontrou-se na manhã desta quarta-feira, na Sala Paulo VI, no Vaticano, com fiéis e peregrinos oriundos de váras partes do mundo para a primeira audiência geral deste 2013.
O Santo Padre dedicou a catequese ao mistério que celebramos neste tempo de Natal: o Filho de Deus, que por obra do Espírito Santo, se encarnou no seio da Virgem Maria.
Discorrendo sobre o mistério da encarnação do Verbo, o Papa evidenciou a centralidade de Maria, que "pertence de modo irrenunciável à nossa fé no Deus que age, que entra na história".
O Pontífice iniciou sua catequese afirmando que o Natal do Senhor ilumina mais uma vez com a sua luz as trevas que muitas vezes rodeiam o nosso mundo e o nosso coração, trazendo esperança e alegria.
Partindo da pergunta que emerge novamente sobre a origem de Jesus, a mesma que faz o Procurador Pôncio Pilatos durante o processo: "De onde vens?", o Santo Padre afirmou tratar-se de uma origem bem clara:
"Nos quatro Evangelhos emerge com clareza a resposta à pergunta "de onde" vem Jesus: a sua verdadeira origem é o Pai; Ele provém totalmente d'Ele, mas num modo diferente de qualquer profeta ou enviado por Deus que o precedeu."
Citando o Credo, o Papa – prosseguindo sua reflexão sobre a origem de Jesus – recordou a passagem "que foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria", para mais à frente afirmar que sem ela a entrada de Deus na história da humanidade não teria alcançado o seu fim e não teria tido lugar aquilo que é central em nossa Profissão de fé: Deus é um Deus conosco.
Assim, frisou o Pontífice, "Maria pertence de modo irrenunciável à nossa fé no Deus que age, que entra na história. Ela coloca à disposição toda a sua pessoa, <<aceita>> tornar-se lugar da habitação de Deus".
"Por vezes, também no caminho e na vida de fé podemos perceber a nossa pobreza, a nossa inadequação diante do testemunho que devemos oferecer ao mundo. Mas Deus escolheu justamente uma humilde mulher, num vilarejo desconhecido, numa das províncias mais distantes do grande império romano."
Em seguida, o Santo Padre fez uma exortação:
"Mesmo em meio às dificuldades mais árduas a serem enfrentadas, devemos sempre ter confiança em Deus, renovando a fé na sua presença e ação em nossa história, como na de Maria. Nada é impossível a Deus! Com Ele a nossa existência caminha sempre num terreno seguro e está aberta a um futuro de firme esperança."
"Somente se nos abrirmos à ação de Deus, como Maria, somente se confiarmos a nossa vida ao Senhor como a um amigo de quem confiamos totalmente, tudo muda, a nossa vida adquire um novo sentido e um novo rosto: o rosto de filhos de um Pai que nos ama e jamais nos abandona", observou o Pontífice.
Bento XVI concluiu sua catequese afirmando que "mesmo se por vezes nos sentimos frágeis, pobres, incapazes diante das dificuldades e do mal do mundo, o poder de Deus age sempre e opera maravilhas justamente na fraqueza. A sua graça é a nossa força" (cfr 2 Cor 12,9-10).
Após a sua catequese – proferida em italiano –, o Santo Padre fez um resumo da mesma em várias línguas, saudando os diversos grupos de fiéis e peregrinos presentes. Eis o que disse aos de em português:
"Queridos irmãos e irmãs,
Este tempo de Natal dá resposta a um mistério grande e impressionante que se esconde no Menino de Belém: Como pode um ser assim frágil e pequenino ter trazido ao mundo uma novidade tão radical, que mudou o rumo da história? – Pode, porque é o Filho de Deus feito homem: «Nascido do Pai antes de todos os séculos, (…) encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria». N’Ela acontece uma nova criação: com a encarnação de Jesus, o Espírito divino cria um novo início da humanidade. Acreditamos que nada é impossível a Deus! A fé dá vida a uma novidade tão forte, que produz um segundo nascimento. De fato, no início do nosso ser de cristãos, está o Baptismo que nos faz renascer como filhos de Deus. Mas, só abrindo-nos à ação de Deus como Maria, só entregando a nossa vida ao Senhor como a um Amigo de quem nos podemos fiar, é que tudo muda, a nossa vida ganha uma nova grandeza: a de filhos do Pai do Céu, que nos ama e nunca nos abandona.
A minha saudação amiga para todos os peregrinos de língua portuguesa, desejando que a luz do Salvador divino resplandeça intensamente nos vossos corações, para serdes semeadores de esperança e construtores de paz nas vossas famílias e comunidades. Com estes votos de um Ano Novo sereno e feliz para todos, de coração vos abençoo."
O Santo Padre despediu-se dos presentes concedendo a todos a sua Bênção apostólica. (RL)